sábado, 5 de abril de 2014

Da escola...

Este menino tem-nos surpreendido cada vez mais. Tem um comportamento exemplar e as notas... muito boas. Na escola, está cada vez mais adaptado e confiante. Revela já uma forte tendência para uma área: matemática, claramente. Devora números, vive números, respira números. Adormece a fazer contas, implora para que lhe façamos desafios matemáticos e depois fica tão empolgado que demora para adormecer. Já classificou uma aula de matemática como a melhor aula da sua vida! Imaginam o meu espanto? Eu que sempre motivei o meu menino para as artes e as letras e o rapaz adora a matemática!!! O pai, claro, está radiante. Eu também, mas nunca apostei nessa área... já o português... meteu na cabeça que não é tão bom... que tem mais dificuldade... que o aborrece... que é chato!!! Ora, não deixo de lhe dar alguma razão, já que os tpcs são em grande número e muitas vezes são cópias... ele acha aborrecido e repetitivo... eu também. Nunca pensei que nesta altura do ano letivo já lesse e escrevesse da maneira que o faz. Isso acontece graças à repetição e treino. Não há volta a dar. A prova está nele mesmo.
As notas dos testes são sempre entre os 90% e os 100% em todas as áreas. E graças ao significado que (provavelmente a escola - dele - incute nos alunos) estes valores têm para ele e para os amigos, depois do primeiro teste de matemática do 2º período (96%) fartou-se de chorar (dois dias) porque queria ter tido 100%??? Ora, a frustração é necessária e terá de aprender a lidar com ela... aqui em casa desvalorizamos competições severas (como sei que existem) para que tente ser o melhor e blá blá blá... mas percebemos que começa a sentir alguma pressão nesse sentido. Isso preocupa-me. Na minha altura não me lembro de ter sentido essa pressão tão precocemente. E não gosto da ideia. Gosto de valorizar as qualidades, só e apenas.
.
Não gosto da pressão que tantos pais fazem (que me perdoem) para que os filhos sejam os melhores em tudo!!! Custe o que custar! Doa o que doer!!! Seja a que preço for!!! Não gosto, a sério... não gosto.
Gosto de saber que há crianças que são bons, mas bons naturalmente... não porque foram pressionados... (e há muitas maneiras de pressionar)....
.
Fico sempre com a ideia: "E a infância? Onde ficou?"
.
Se estou errada? Talvez até esteja e talvez até devesse forçar mais alguns aspetos da formação pessoal do meu filho, mas ele está tão bem... a meu ver... que não me apetece transmitir-lhe (já) a ideia de que este mundo é muito complicado e feroz e severo connosco... quero vê-lo durante muito tempo a viver... apenas... e a ser, sem pressões.

Fada dos dentes

No dia 27 de março fomos ao dentista... que por acaso é a minha vizinha da frente, que por acaso é um amor, uma simpatia :-)... fomos porque o dente de cima estava a abanar e porque queria aproveitar para saber como estavam os dentes do Gui. Pois assim que lá chegámos não tivemos tempo para "respirar"... eis a minha querida dentista, de seringa para anestesia pronta. Em 10 minutos o Gui estava sem dente. Por pouco (tive de pedir) não ficava sem os dois. Não teve dor, portou-se como ele sabe ser: um homem! De lá veio sem o dente, com um diploma, pasta dentífrica nova e com muitas esperanças que a fada dos dentes viesse visitá-lo. E veio. E foi quase mais giro do que receber a visita do pai natal.
Na manhã seguinte tinha uma nota de 10 euros (sim, uma fada demasiado generosa, mas foi uma exceção, hoppe so...) e um sorriso que não cabia no rosto :-). Confessou-me baixinho, com vergonha do pai (não queria que o pai ouvisse), que achava que era uma coisa inventada e que as fadas não existiam!! "Afinal existe mesmo!!!!!!!!" :-)

 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Vou ter... :-)

...uma mana!!!
Sim a mamã está grávida! Metade da gravidez já lá vai... faltam poucos meses para finalmente abraçar a minha mana!
Inês!
:-)
Estamos muito felizes e ansiosos... demais!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Ontem estivemos no paraíso...

Se o paraíso existe... ontem estivemos lá!
Estivemos num dos meus locais favoritos de sempre!
Apesar disso, o paraíso pode ser, também, um estado de espírito. Um bem estar tão imenso que se traduz nesse termo. Curiosamente, aquele lugar dá-me a sensação de ambos. O paraíso na terra e o paraíso interior. Um é consequência do outro e daquilo que ele proporciona. Dá-me uma tranquilidade enorme... uma imensa harmonia, paz... sossego. Felicidade. Ora, felicidade. Adoro aquela expressão que refere que a felicidade é momentânea... e é tão verdade. Cada vez consigo estar mais tempo feliz, com pouco, com muito pouco. Felicidade plena, para mim, atualmente, é ver a felicidade no rosto do meu filho. A sério. Basta-me. A minha vida é tão boa... que tudo o que é supérfluo e, mesmo assim, eu desejo... não tem qualquer significado perante um sorriso verdadeiro do meu filho!
Naquele pequeno paraíso ele deve sentir quase quase o mesmo que eu, pois o sorriso raramente desaparece do seu rosto, do seu olhar. O M. sente algo muito parecido.




 
Ontem decidimos ir até lá... dar pão e milho aos patos. Assim que lá chegámos encontrámos dezenas de patarecos cheios de vontade de milho... um festim para todos eles. Depois seguimos a passo lento a nossa caminhada até encontrarmos uma pequena ribeira que há uns tempos estava bloqueada pelo aumento do caudal e que ontem era possível atravessar. Então seguimos pelo meio da vegetação endémica até encontrarmos uma estatua de madeira erguida num tronco. Creio que ficou um pouco assustado por causa do contexto em que está inserida... :-) e por conseguinte quis regressar para um almocinho leve... ao som de pássaros e das árvores, nada mais. Voilá... e o cenário deslumbrante que é... a lagoa em tons de prata a refletir a luz do sol, o verde da vegetação, o céu como moldura deste cenário... e depois disto tudo... a água a ferver deste local único... o som da ribeira... o sol a bater no rosto...
 
 
E será aqui que vamos ficar 3 dias... muito, muito brevemente...!!!!
É ou não um sossego?




 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Medo de continuar... de cada vez que aqui volto.

Há qualquer coisa em mim... que me impede de reler o que escrevi aqui. Reler faz-nos voltar ao passado e consequentemente impede-nos de continuar, de seguir com a vida. Voltar atrás assusta-me e causa-me uma dor profunda, contudo, creio que chegou a hora de o fazer. Pelo Gui, que não tem culpa do que lhe aconteceu. Por mim, que tudo fiz, desde a barriga, para o ver e sentir feliz. Pelo papá, que sofreu e ajudou a superar. E por todas as mães, para que saibam que isto aconteceu e portanto possam acreditar que isto não acontece só aos outros... e possam defender-se...
.
.
.
Sem receio de quem possa ler... porque não tivemos culpa...
O Gui foi vitima de maus tratos psicológicos (e ninguém me consegue garantir que não o foi dos físicos) na escola. O caso foi detetado por mim. Tive sinais evidentes na altura em que decidi confirmar as suspeitas... mas tive sinais menos evidentes meses antes. Como os menos evidentes decorreram logo após a adaptação à sua escola, acreditei que fosse essa a causa: a adaptação.
.
Sinais diretos menos evidentes:
- Rejeição à escola;
- Falta de diálogo de partilha sobre o seu dia (constante);
- Menos sorrisos e rosto triste e apático;
- Nunca queria brincar sozinho;
- Nunca falava da educadora;
- Não se lembrava dos nomes dos colegas;
- Chorava para ir à escola...
.
Coisas que não batiam certo, graças à experiência da escola anterior:
- O Gui sorria para todos na outra escola;
- Nunca rejeitou a escola;
- Com jeito, contava-me o seu dia;
- Sempre sorridente e amoroso;
- Falava dos amiguinhos;
- Nunca chorava para ir para a escola...
.
Sinais da educadora (a agressora):
- Pessoa fechada, cabisbaixa e inflexível;
- Demasiadas regras para a faixa etária que orientava;
- Impedia o diálogo;
- Não partilhava o dia das crianças;
- Recusava que as auxiliares partilhassem qualquer informação;
- Respostas fechadas;
- Nunca nos olhava nos olhos...
.
Sinais das auxiliares:
- Os olhos refletiam insegurança;
- Em resposta à minha pergunta frequente (na tentativa de se dar um clic positivo): o Gui é feliz? a resposta era sempre: - vá para casa mãe... e os olhos focavam um ponto que não os meus...
- Sorriam quando a educadora não estava.
- Gelavam na presença da educadora.
- Passavam-me informações sem que a educadora notasse;
- Os abraços que davam ao meu filho, quando não eram vistas, eram quase um pedido de perdão;
- O Gui nunca quis dar um beijo à educadora, apesar de eu sempre pedir que ele o fizesse.
- Os abraços que dava às auxiliares nunca foram seguros... fazia-o por respeito ao meu pedido... 
.
Sinais evidentes do Gui:
- O Gui começou a fazer xixi na cama à noite e à tarde na escola (sendo que aqui... por vezes fazia 2 vezes numa sesta de 2 horas??)
- O Gui começou a falar de castigos e a associa-los à cama;
- O Gui começou a revelar uma postura agressiva e controladora (principalmente nas brincadeiras, altura em que se sentia no direito de o fazer, afinal estava  brincar);
- O Gui deixou de conseguir dormir sozinho, passou a querer/necessitar de companhia ao adormecer e com o passar do tempo... a noite toda... e isto só acabou há poucos meses... durou mais de um ano.
- O Gui deixou de me olhar nos olhos, de me sorrir;
- O Gui passou a usar expressões como: "és uma mentirosa", "Fazes tudo mal", "não gosto de ti", "és má".
.
Passei a duvidar de todo o "trabalho" que tinha feito até então. Deixei de saber o que fazer, onde estava e o que estava a acontecer. Onde tinha falhado. Perdi o chão, antes mesmo do desastre.
Estas expressões e todos os outros sinais eram demasiado óbvios para mim. Sempre fui mãe carinhosa. Nunca dei uma palmada ao meu filho (talvez uma...sei lá) que não fosse um abanar de pena... Nunca fui fria, agressiva. Nunca o castiguei para nada. Nada! Muito menos lhe dei castigos associando a hora de dormir. Nunca usei expressões semelhantes que ele pudesse emitar... Nunca o assustei a ponto de se tornar enurético. Nunca foi ameaçado. Sempre tentei que a sua vida fosse de sonho... a infância ideal... a que queria ter tido... e que tive...
Quando me refiro a mim... refiro também o pai... nunca houve discussões à sua frente... sempre harmonia, sempre paz... amor...
Portanto... era óbvio demais.
.
Sinais evidentes da educadora:
- Começou por dizer que achava que o Gui por vezes mentia e que eu não devia acreditar em tudo o que ele dissesse... ???? Mas que afirmação tão despropositada, tão fora de contexto, tão sem sentido... dita segundos antes de sair da escola... como quem receia que algo seja dito... denunciado... uma desculpa prévia...
- Depois referiu que achava que eu dava coisas demais ao meu filho???? Achei que se referia às refeições (lanches)... Não! Aos passeios que dava com ele, aos prazeres da natureza que diariamente lhe proporcionávamos! Hum... Mas porquê?? A natureza faz bem... e ele merece... ou não?
- Noutra ocasião, em que eu tinha elogiado à sua frente o Gui porque conseguiu comer canja (sopa que ele abominava), e já quase fora da escola, veio a correr para me dizer o seguinte e fê-lo à frente do Gui: "Acho que não devia elogiar por ter comido a sopa... é uma obrigação dele" Parecia-me que havia ali algo mal explicado... sem sentido. Ora o meu filho tinha revelado um esforço enorme... em comer algo que detestava... seria suposto não elogiar o esforço?
 
Estas atitudes revelavam-se assustadoras. Ditas e contadas assim quase não têm significado, mas na altura, no contexto, sendo eu mãe (com sexto sentido apuradíssimo), foi demasiado claro que havia ali uma revolta qualquer, um desagrado, um querer mal e não bem.
.
.
.
Fui de fim de semana, assustada, prometendo à pessoa que contaria ao meu marido a sua opinião. Mas fui antes pensar naquela mistura de sentimentos... tentei pensar friamente... tentei, juro que tentei, acreditar que eram minhocas da minha cabeça... e disposta a manter-me atenta, mais ainda...
.
.
.
Quando na segunda feira voltei a levar o meu filho àquele sítio... ia com medo. De algo que eu não sabia muito bem explicar, mas que me fazia tremer de medo... deixei-o à porta, como todos os dias, sem nenhum sorriso por parte das crianças que já lá estavam, muito menos dos adultos que me receberam mais um dia. Faltava a auxiliar que sempre mostrou ser mais preocupada... e que esteve de formação 2 semanas. Era com ela que eu tinha mais confiança, pouca, mas um pouco mais...
Saí. A porta fechou, como todos os dias. Aguardei uns segundos, não queria ser apanhada a escutar, apesar de me sentir no direito de o fazer, mas acabei por respeitar, mais uma vez o trabalho daquela pessoa e saí, de coração gelado e a certeza indescritível de que estava a deixar o meu filho no sítio errado. Mas foi então que algo (um milagre?) aconteceu...
.
À saída do portão da escola deparo-me subitamente com a auxiliar que tinha faltado nas duas semanas em que precisamente os sinais pioraram drasticamente. Sem lhe dizer nada antes, agarrei-a pelo braço e digo o seu nome: "A"... a sua resposta ao meu olhar e à forma como proferi o seu nome foi a pior coisa (ou a melhor) que pude receber em confirmação às minhas suspeitas: "É tudo por Deus, não é mãe?" Seria necessário perguntar mais alguma coisa? Ficou bem claro que não, ainda assim precisava de algo concreto... e então prossegui: "A, por Deus, por favor responda-me - O Gui é castigado?" Depois desta pergunta o pânico assaltou o rosto da A, começou a tremer com medo de ser vista a conversar comigo, olhando em volta... muito a medo, ainda com a minha mão no seu braço, respondeu cheia de pressa, fugindo logo a seguir...:"É mãe.... é.!" O meu coração desfez-se.
.
Milhares de perguntas invadiram a minha cabeça, perdi a lucidez, saí instintivamente dali, precisava de ar fresco e minutos para refletir, pensar no que fazer. 30 minutos depois voltava exigindo falar com a educadora que nem por nada deve ter intuído o porque da minha presença ali... seguiram-se quase 3 horas em que nunca imaginei ouvir o que ouvi, da forma fria e cruel como ouvi daquela boca tudo o que me disse e ainda não sei como tive frieza suficiente para não lhe esmurrar a cara na primeira afirmação que me fez... pois soube de imediato que se não mantivesse a calma nunca saberia toda a verdade e eu queria-a por completo.
.
confirmou-me que o meu filho sofria castigos desde o início do ano, referia isso e acreditava que ele merecia, que não havia alternativa... que tinha de ser assim, que aconteceu muitas e muitas vezes... Mas os castigos eram necessários para ele aprender que as suas atitudes tinham consequências. Naquele momento ficou tudo mais claro para mim... tudo... fi-la acreditar que a ouvia e que aceitava, para que continuasse a contar e a partilhar. E isso efetivamente aconteceu.
(Soube-se mais tarde que não era só o Gui... que cada criança tinha castigo personalizado)
O Gui comia mal, sempre foi boca miúda. Então... sempre que demorava mais tempo para comer... ía para a cama sozinho, num quarto escuro (mas atenção mãe... deixamos dois fios de luz nos estores)! Ah fico mais descansada... mas quem fica lá com ele? Ninguém, óbvio. Ah! Ninguém! E quantas vezes isso aconteceu? Muitas. Na semana passada aconteceram 4 vezes... Ah, incluindo o dia da canja! M***** Não podia estar a ouvir aquilo... E muito mais! Acha que o Gui merecia ir para a sala com os amigos se ele não termina as refeições? Acha justo para os outros meninos que até comem? Pois acho! Acha justo o meu filho ir sozinha para o quarto? M****
E continuava... Tenho de descer mais cedo com ele para ir adiantando... a refeição! Ah sim, a que horas? por volta das 11h. Ah, boa... então o Gui que chega à escola às 9h e 30m desce para o refeitório às 11h, fica por lá até às 14h, altura em que vai para a cama e lá fica sozinho... e quando tem de se levantar volta direitinho para o refeitório onde tem de fazer mais uma refeição, sendo que vou busca-lo exatamente quando termina o lanche. Sim. Ah! Então o meu filho passa apenas 1h e 30m na sala? Alguma reflexão por parte da sujeita... diz-me que começa a perceber a asneirada que cometeu...
Depois de 3 horas e de ter ouvido muito mais do que aqui relato por ser tão mau... que nem é bom lembrar... olhei-a nos olhos, mudei finalmente de mãe que finge concordar com a maior parte do que lhe está a ser dito (e culpo-me por não ter levado um gravado, mas nunca calculei o que iria ser dito... nem que estava perante uma doente mental) para mãe ferida, leoa, e respondo. É a última vez que o Gui fica de castigo. É a última vez que o Gui vai para o refeitório sozinho antes dos amigos, é a última vez que não sobe com eles, tenha comido tudo ou não, é a última vez que o meu filho não vai brincar com os outros meninos... é a última vez... terei de saber se a direção sabe das suas práticas pedagógicas e a próxima escola que o Gui frequentar será com toda a certeza informada do que aconteceu aqui.
O seu semblante mudou de altamente confiante, para "alto que já fiz asneira" chapado naquela cara. Ficou sem reação e após alguns segundos disse: muito bem, não se repete. Levantei-me e saí. Não sei como não levei o meu filho.
.
Ali tive todas as respostas aos sinais do Gui. Todas.
Chegando a casa contei ao meu marido. Era necessário saber se a direção sabia. Se sabia... algo estava muito mal. Se não sabia, algo estava muito mal... mas poderia ser feito alguma coisa.
.
De tarde não estava ninguém na sala com as crianças. Estavam auxiliares de outras salas e a porta da sala de reuniões estava fechada.
.
Daí à suspensão quase imediata da educadora... do inquérito aberto a todos os funcionários e educadora... do julgamento... e do despedimento da educadora... foi um salto rápido, mas muito doloroso, penoso. Ir a julgamento e ouvir as coisas que ouvi... não só do meu filho, mas de outras crianças... é algo que não poderei jamais esquecer... Eu descobri tardiamente, mas descobri... não fiquei sem perceber as atitudes de revolta do meu filho... a causa, a origem de tudo o que lhe estava a acontecer... O Gui esteve naquela escola 10 meses... algumas crianças estiveram naquelas mãos 5 anos. Só posso concluir que por o Gui ter sido o único menino novo a entrar para aquela sala, me tenha sido possível detetar a mudança tão drástica que aconteceu no seu comportamento. As outras crianças sempre acharam tudo normal e para os pais não havia termo de comparação. Aquela era a pessoa com quem os filhos estiveram desde os 5 meses... o crescimento foi mútuo... e inalterável...
Dos outros meninos e meninas não falarei, mas o caso do Gui, depois do que descobri, não era o pior.
.
Assim... xixi na cama: medo! Ansiedade! Nervosismo!
mentirosa: claro... mentia-lhe todos os dias - vais brincar muito na escola, vais divertir-te filho!
Castigos: óbvios.
Falta de contacto no olhar: tristeza, medo, insegurança... instabilidade, falta de segurança nos pais. Não o protegemos quando era suposto isso acontecer...
.
Passaram-se meses a tentar alcançar o Gui novamente. A conquista foi demorada. Perdi confiança em mim. Depressão. Psicóloga. Achei que nunca iria superar a dor. Olhava para o meu filho e tentava descobrir uma fórmula mágica para que apagasse da sua memória o que lhe tinha acontecido, que ele não era merecedor daquela situação... nem que nunca tinha feita algo para o merecer... que podia confiar nos pais para tudo... mas como transmitir-lhe isso.
.
Tornei-me numa mãe mais ansiosa, permissiva (não conseguia não lhe fazer as vontades :-(...), durante muito tempo quis desaparecer. O pai foi um precioso chão, porto seguro. Vivemos esta dor muito isolados apesar da agitação em torno do assunto. parecia-nos que ninguém poderia compreender esta dor.
.
Eu... afastei-me de meio mundo, deixei de acreditar nas pessoas, tornei-me pessimista e revoltada. Passei a ter pesadelos em que só via aquela pessoa e fazia justiça pelas minhas mãos. Achei que a felicidade plena nunca mais voltaria... a tristeza invadiu-me completamente.
.
Finalmente, muitos meses depois, consigo gerir esta dor, que não desaparece, mas que já sei controlar. Pensar no assunto e em vingança só aviva a questão e eu quero é esquecer. Consegui superar um pouco mais.
.
Esquecendo um pouco o trauma... recorri a ajuda especializada... desabafei. Consegui olhar o Gui não apenas como uma vítima, mas como uma criança que estava a perder a mãe porque ela estava perdida, desorientada. Aqueles momentos não iriam levar a melhor, afinal de contas tenho o melhor, o mais abençoado, o mais amoroso, o mais querido e amável filho do mundo. Se não superasse a dor não poderia nunca ver (novamente) a sua imensa luz, o seu brilho e leva-lo a seguir a sua vida da forma mais feliz possível.
.
Hoje o meu filho voltou. Graças à sua enorme capacidade de superar obstáculos, à sua extraordinária capacidade de se superar... e de ainda acreditar que há pessoas boas. A escola que frequenta agora... é um espanto e junto connosco ajudaram a devolver alguma confiança e alguma auto estima ao meu filho... depois de ter perdido por completo. Todo o pessoal é extraordinário! Mas aqui destaco a sua atual professora, a sua professora primária que é tudo o que qualquer pai e mãe desejam para os seus filhos. A mistura ideal de bom profissionalismo e um enorme coração. Uma ternura de professora! Uma extraordinária profissional.
.
O Gui superou dificuldades, continua a crescer feliz! Acredita nas pessoas e confia novamente em nós. O Diálogo voltou e eu prometo a mim mesma e a ele que jamais nada lhe vai acontecer, que estaremos sempre do seu lado, haja o que houver.
 
Com este texto (quase uma catarse) encerro este capítulo. E sigo com o diário do meu adorado filho. Sigo com muita felicidade porque o tenho novamente, porque sou a mãe mais sortuda do mundo, porque o meu filho é tudo! Sigo como se nunca este episódio tivesse acontecido...

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Lego mania

Gosto de legos. Gosto mesmo muito. Gosto mais ainda quando estão com promoções mega fantásticas! Os legos, na nossa casa, não são em grande abundância, ainda assim são muitos. Para piorar as coisas ontem lembrei-me que queria construir um prédio de cinco andares com o Gui... faltavam-nos as paredes, já tínhamos as janelas e as peças restantes tinham servido para construir naves espaciais, barcos gigantes (na cabeça dele), camiões de salvamento. Cada um cabe na minha palma da mão... bom, então, lá fomos (contra vontade dele) a um armazém de brinquedos procurar, com alguma sorte, alguma coisa interessante dessa marca. Disse-lhe que eu sairia do carro e perguntaria ao dono da loja se havia ou não o que queríamos (eu) e que se a resposta fosse positiva... ele iria entrar comigo. "Sim, ainda tem alguns naquele espaço, além..." disse apontando para uma prateleira quase vazia e com caixas grandes. Torci o nariz, mas fui buscar o Gui ao carro e lá entrámos. Directos ao objetivo... Contudo.... tran trannnnnnn.... antes de lá chegarmos, tropeço (quase literalmente) numa promoção DAQUELAAAAAAAAAAAAAAAS! E eis que dou por mim com caixas de legos a 1 euro. E sim... comprámos alguns. :-)))

Esta história toda porquê afinal?
Porque o Gui gosta de carros e pistas e continua a querer brincar sempreeeeeeeeeeee com alguém e eu dou por mim a negar milhões de vezes e de me sentir mal por não poder brincar com ele por razões evidentes. Além disso, como sou mulherzita, brincar às apitadelas não é o meu forte. Detesto. Por vezes consigo fazer filas de carros, inventar obstáculos para ele fazer corridas... mas não duram muito tempo.

Mas ele também adora legos. E aí é que entra a minha felicidade ao encontrar caixas de legos a 1 euro! Fazer/montar legos com ele permite-me estar com ele... imaginarmos juntos... conversar... brincar com ele... rir... partilhar... descobrir... interagir... isto tudo sem: brrrrrrrrrrrr, pópó.... pipi´s e vrun´sssssss! Além disso, podemos desmontar e inventar coisas novas vezes sem conta... criar um mundo... e, num fim de semana, por exemplo, passar 3 horas sem dar conta no quarto dele à volta de peças, a brincar com ele. :-).

P.s - o meu filho é do mais caseiro que encontro. Nem sempre foi assim, talvez porque eu facultava ou tinha mais disponibilidade de tempo para o levar ao jardim, ao parque... mas a realidade é que ele muitas vezes até recusa sair de casa. Prefere muito mais ficar no seu espaço (casa... em qualquer lado onde esteja a mãe) do que sair, seja para que lado for. E quando sai... quer voltar. Brincar sozinho é raríssimo. Portanto... se não for na tv, não brinca sozinho e acaba por saturar-se rapidamente das brincadeiras... GOSTO DE LEGOS. Voilá.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Este é o meu filho

Esta é uma foto do Gui. Talvez a que gosto mais. Razões diversas. Primeiro porque está giro. Mesmo giro. Depois porque está com um ar de rapaz crescido. Depois porque nesta foto, tirada do meu telemóvel, consigo ver que o meu gosto pela fotografia está completamente dentro dele. Que é de si como é de mim. Gosto de desenhar e pintar. Ele não manifesta gosto extraordinário pela prática das expressões. O pai é jogador da bola, professor de educação física. Ele não revela extremo gosto pelo desporto. A fotografia sempre foi uma das minhas paixões. Nesta fotografia (e sim, tenho baba a escorrer...) é possível ver um bocadinho de mim nele. Não lhe ensinei a técnica da mão por debaixo da lente. Não lhe posicionei o tripé. Não lhe pedi que fizesse aquela expressão (igualzinha à minha) para aparecer na foto. Neste dia, depois deste momento, andou de máquina e tripé na mão. Fez fotos de família. Programou a máquina. Pediu-nos posições. Apagou as que não gostava. Tudo por instinto. Sim, estou a elogiar o meu filho. Tenho um filho fixe.

As pessoas partem... no momento em que a ilha treme.

...e temos noção da insularidade quando parte alguém querido e amado e estamos presos na ilha devido à greve dos aviões... e não temos forma de saltar até ao outro lado do país para acompanhar a última despedida. Na semana passada foi assim. Não me despedi. Outra vez. Não estive lá no derradeiro olhar.
...depois há o peso da culpa e o receio. O medo de não saber quantas vezes mais vou passar por isto.
...depois parece que tudo acontece. Efeito de borboleta.
...Depois a chuva não caba e o tempo não muda e o sol não vem.
...depois o Gui pede muito de mim e muitas vezes não tenho força interior para brincar aos carrinhos.
...depois tenho enterradas no peito coisas que fizeram moça há muito tempo, que nos magoaram... que nos fizeram mal... e que de cada vez que m lembro o meu peito cai num precipício e volta de novo a mim.
...depois sinto-me desanimada com esta m**** toda.
...depois sinto que estou num beco e que falta fazer muita coisa, mas não sei muito bem o quê...
...depois sinto aquela inquietude vindo do nada... como se algo estivesse para acontecer.... mas não sei o quê.
...depois não me sinto quieta. Não consigo parar. A cabeça anda a mil.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Judo e Atlântida

Ontem o Gui teve a sua primeira aula de judo. Veio muito feliz, querendo demonstrar alguns exercícios. Pela primeira vez pediu uma atividade. Esperamos que continue pelo estímulo, pelo convívio, pelo exercício, mas basicamente para seu bem estar físico e psicológico. As aulas acontecem no ginásio da escola, pelo que não há necessidade de deslocação. Terminam tarde, mas acredito que as horas compensarão tudo o resto. Descobrimos, entretanto, que o professor de judo é o campeão nacional há alguns anos na sua categoria, pelo que é mais uma garantia de que as crianças têm alguém com experiência para os estimular.
À noite, depois de um banho demorado, um jantar delicioso e uma história (como é habitual), o Gui não conseguia adormecer... talvez da excitação da aula de judo... talvez de estar feliz... talvez... por qualquer motivo... falava, então, sobre tudo o que lhe ocorria e, do nada, surgiu: "mãe, Atlântida afundou-se?"... ???? Bem... sim... talvez....bom... na realidade pode ser uma lenda.... "não é, está escrito no meu livro!" Hum... qual deles? "Aquele do mar...". Muito bem. Mas como não eram horas e saltar da cama, procurar o livro e blá blá blá... ficámos por ali, pelas explicações. Disse-lhe o que sabia e ainda o assustei, porque lhe disse que era uma ilha e porque também vivemos numa ilha... lá começou com associações. Depois dormiu.
 
 
 Na realidade, este é livro. E numa página, quase que sem se dar por ela, está uma aba que esconde o segredo da Atlântida... como leu? Como sabia o nome? Lembrava-se de lhe ter lido (o livro não é lido há muuuuuuuuuuuito tempo)? Boa memória? Porque se lembrou naquela altura?.... fica o mistéeeeeerio... ihih

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Badocha

E, pronto, na falta de outros animais de estimação, temos um caracol comilão e dominhoco... chama-se Badocha (para mim)... o Gui insiste que deverá ser João. Sugeri, então, João Badocha, mas ele recusa, diz que é só João. Como o bicho é simpático lá aceitei, embora não exclua o Badocha... não acho que João seja apropriado, mas enfim... ele gosta. Está feliz. Dei por mim a pesquisar coisas sobre caracóis: alimentação, tempo de vida, e afins...
Ontem foi domingo, o verdadeiro dia da família. Abrimos uma caixa de jogos de tabuleiro e ficámos pelo quarto, de pijama, horas sem fim. Arriscámos sair para procurar um arbusto jeitoso para o Badocha se esticar, mas voltámos passados 5 minutos que o frio apertava. Voltámos para o colchão e por lá ficámos... até à noite.
Tirámos a ligadura.

domingo, 20 de janeiro de 2013

20 dias

 20 dias de mão ligada... graças a esta mesa de três pernas que partiu no dia 01 de jan de 2013 às 21h 15m
Hoje vai sair!

sábado, 19 de janeiro de 2013

Uma espreitadela do atro rei

Logo pela manhã percebemos que o dia iria ser fantástico. Não havia uma única nuvem no céu. O papá foi jogar (a sua equipa de meninos) e veio de lá vencedor. Nós, por casa, arrumámos loiça, dobrámos roupa, fizémos dois sóis com massa de modelar, brincámos de pais e mães (os filhos: 3, eram balões - Maria, António e José), fizémos brincadeiras a dois. E, entre jogos e palhaçadas, também fizémos o almoço. Depois era impossível permanecer fechados com o sol que estava lá fora... e pois que cedemos à vontade e nos fomos abraçar a ver as (poucas) nuvens que passavam, deitados na relva do Parque SecXXI. Grande lanche com companhia de meninas, amigas... 
Por volta das 17h 30m começou a ficar um frio agreste, pelo que fomos à biblioteca trocar livros e fazer jogos interessantes. Descobrimos o Quem é Quem (que nunca tínhamos jogado) e adorámos! 
Trouxemos mais 6 livros (um por dia) para a semana... 
Amanhã é domingo e é tão bom saber isso...
O Gui está bem disposto e de saúde, embora tenha alguma tosse, porque transpira imenso... correndo muito ou não.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Quase um ano depois...




 Para registo:
Ainda estamos vivos. Voltei a não ler o último post e nem me apetece. Mas apetece-me escrever algumas palavras para que não se percam com o tempo. Pude ver que a última coisa que aqui escrevi foi em março de 2012. E centro-me nessa data para me orientar. O que aconteceu depois? Uma conjetura de fatores levaram à minha ausência aqui: falta de tempo, medo, insegurança, ansiedade, gelo no coração, apatia, acomodação... e tentativas bem ou mal sucedidas de ultrapassar essas coisas negativas.
O Gui transitou de escola. Passámos meses a procurar a escola ideal... (a que tinha terminado tinha revelado-se uma experiência que ninguém deseja... e que nos provocou uma dor tão intensa que não sei se alguma vez irá passar...). Escolhemos uma. Increvemo-lo e lá fez o primeiro período. A insegurança de falhar novamente e com novos sinais (não positivos) de que não era "a escola ideal" fez-nos mudar de opinião e inscrevê-lo noutra escola. Ironia. O Gui esteve inscrito nessa escola 3 vezes, mas só lá está efetivamente há três semanas. Conclusões: deveria ter ido para lá no primeiro ano que lá o inscrevemos. Que está muito feliz, mas que a semana passada foi dura, tão dura, que bati no fundo do poço quando oiço da sua boca: "fazes tudo mal". Ui. Essa doeu. Mas também sei que o fez, porque estava em fase de adaptação, que tive de o agarrar pela cabeça e em todo o seu corpo, com todas as minhas forças, para que lhe pudessem fazer o curativo na mão direita, porque na noite antes da viagem de regresso (á hora em que já era suposto estar na cama a descansar para acordar às 5h da matina) a mesa de vidro de centro da sala da prima M.I. tombou para o lado, partiu ao meio e literalmente laminou (sim, tipo fatia de fiambre) a mão do G. F****** Urgências. Deitar tarde. Acordar cedíssimo. Fazer despedidas apressadas e com baba e ranho. Chegar a PDL. Arrumar malas, arejar a casa. Adormecer de cançaso às 17h e acordar às 21h para adormecer novamente depois das 23h para acordar e entrar na escola nova no dia seguinte, frescos como carapaus. Impossibilidade de escrever. Menino novo na sala: GUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII. Amigos antigos (da escola anterior). Euforia. Felicidade. Mudar pensos... griiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiitos. Mãe. Regras. F************.
Semana 3 da escola nova:
Ler livros de psicologia resulta. Banho-me com eles. Devoro-os procurando soluções. De como encontrar a parte de mim e dele que perdi a determinada altura. Da serenidade que existia e (eu sei graças a quem) perdi. Da formula mágica para me encontrar. Juro que alguns acertam na mouche. Juro que aplico na prática sugestões teóricas dos mais conceituados mestres da psicologia infantil mundial! Irra. Lido assim até parece coisa difícil. Mas não. Uma mãe desesperada faz de tudo...
Gui melhor. Mais tranquilo. Escola fantástica. Criança feliz, alegre e autónoma. Criança mais refilona, indisciplinada, sem 1500 regras, sem estar formatizado. Ufa. Gui bom, meigo, doce, carinhoso, sábio, calado, pensativo, teimoso. Como o quero, sempre.
Semana 3 da escola nova:
Na escola nova faz-se tudo ao contrário da anterior. As crianças levam o seu lanche (que escolhem/ou os pais/ em casa). Chegando à escola vão poisar a lancheira no seu lugar e vão para a sua sala. Onde fazem tudo como nas outras escolas, mas onde briiiiiiiiiiiiiiiincam. Muito. Brincam, mesmo. O Gui já não chega a casa só com o objetivo de brincar comigo e sempre comigo debaixo de olho. Já brinca sozinho. Ironia, não é? O Gui tem agora 5 anos e ele já brincava sozinho. Porque é que deixou de o fazer? Tal como deixou de conseguir adormecer sem a minha presença? Bom... eu sei as respostas... O Gui aprecia mais a hora da refeição. Partilha mais. Adora a casa. Estar em casa. Ficar por casa, mas já não diz que não quer ir à escola, pelo contrário... fica feliz. Acorda bem disposto e com vontade de ir. Dorme mais cedo, porque lancha mais cedo e porque brinca mais e corre e pula e brinca, brinca, brinca... e fica cansadito. Vem cedo para casa. Fica comigo. Brincamos um pouco. Às vezes quer muito e ás vezes eu deixo. Outras vezes não e ele agora aceita. Quando o vou buscar... vai sozinho buscar as suas coisas e eu oiço crianças a correr felizes... oiço. E vejo também. Era isto que eu queriá. ouvir o som de crianças a brincar, sem opressão, livremente, criativamente, como só as crianças... e como eu ainda, por vezes tenho vontade de fazer...
Hoje o Gui tem cá o M. Gosta de ter cá os amigos. O M. é muito criativo e tem um mundo dele, que é muito especial e onde habitam imensos robots e naves espaciais. neste momento os robots assaltaram a nave espacial Axiom para salvar o wall-e. O wall-e é, também, provavelmente o filme que o G. mais gosta e aprecia. E eu também. E também adoro a pixar. São geniais.
Fiz creme de couve flor, escrevi este texto e agora vamos todos jantar. São servidos?

segunda-feira, 12 de março de 2012

De volta, mas com menos frequência

Não li o último post. Porque não. Não sei o que escrevi, mas lembro-me da sensação, da importância daqueles dias naquela altura. Nunca mais aqui voltei embora pense sempre nisso. E sempre que me lembro deste blog penso que não quero que ele termine naquela fase, nem com aquele post, nem que termine sequer. Penso na quantidade de coisas que aconteceram entretanto (só boas) e que não ficaram registadas. As fases de birras, a adaptação à escola, as férias do Natal e do Carnaval, as amizades que cresceram e as outras que surgiram... o meu amadurecimento.

O Gui está agora com 4 anos e 3 meses. Tem-se revelado mais respondão, mais impertinente em determinadas situações, mantém a ternura apesar das birras. Há um mês tiveram o seu auge, mas têm vindo a atenuar-se com persistência e tenacidade da nossa parte.
Este ano quase não tivemos inverno na ilha. Poucas vezes choveu e agora o sol surge mais quente e como tal podemos aproveitar os espaços verdes  que nos rodeiam. E a praia. Ontem mesmo fomos almoçar à praia dos moinhos em Porto Formoso, com a mamã Joana, o pai Hugo e a amiguinha Carlota que no regresso veio no nosso carro e adormeceu na cadeira e depois dormiu 10 minutos na nossa cama. Enquanto subíamos o elevador o Gui decidiu ajudar a pegar na Tota segurando-lhe o pé ;-). Gesto terno que me faz pensar: "Quererá um mano?". Bom... na praia comemos o "melhor hamburger" do país e depois fizemos a vontade ao desejo e comemos gelados entre correrias na praia e na relva do restaurante a jogar à bola.
O resto da tarde passámos em casa com a mãe Joana e a Tota. Eles brincaram no quarto e a as mães beberam chá branco e conversaram.

À noite manteve-se a mesma rotina, que tem vindo a ficar mais difícil graças à resistência do Gui para adormecer. Cada vez mais difícil, cada vez mais tarde. A média da hora de adormecer regista-se entre as 22h 30m e as 23h e 30m. Acredito que seja pelo fato de ainda fazer sesta na escola. Mas o certo é que mesmo nos dias em que não tem escola, o Gui continua a querer dormir mais tarde.

Iniciámos novamente a procura para a escola (último ano da pré, talvez e primária). Andamos à volta da escola ideal para ele entre visitas, pesquisa e informações válidas. Sendo que o que é o ideal para o Gui pode não ser o ideal para outras crianças acabamos por ficar embrulhados entre opiniões e opiniões, sugestões e sugestões. Veremos.

Não vamos ao continente na Páscoa. Poupamos mais de 800 euros em viagens (a maior roubalheira da Sata) e aproveitam,os para descansar ao máximo nesta ilha, já que nunca cá estamos nas interrupções escolares, mas sim na época de trabalho.

O Gui cresceu. Também pesa. Continua a querer colinho de vez em quando. Também é mimalhão e muito infantil, ainda. Saí a mim que ainda teimo em preservar genuinamente o meu lado criança. É muito ligado aos seus amigos e adora a companhia deles. Esta ilha, tal como tenho concluido em conversas (cada vez mais), é fantástica no que respeita à qualidade de vida que podemos oferecer ao Gui. Senão note-se: O Gui vai tarde para a escola (um privilégio), sai de lá cedo (mais um privilégio), de lá tem a possibilidade de escolher entre o jardim, o parque, a praia ou visitar ou receber um amiguinho. Isto acontece porque eu e o pai temos horários que se complementam tanto na hora de ir buscar como na hora de o levar à escola. Os dias são grandes e há possibilidade de fazer tudo com mais calma do que provavelmente seria noutro local do país, onde as viagens entre casa e trabalho são quase intermináveis, onde as idas ao super mercado acabam em filas que demoram eternidades, ponto. Aliado ao facto de dormir tarde (muito mais do que o costume) tudo isto culmina em "tempo bom em casa" e "Gui feliz"... mãe feliz e pai também. Um privilégio, um verdadeiro privilégio. 

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Bem me quer, bem me quer

Penso sempre que não tenho razão de queixa da minha vida. Que há vidas difíceis. Que a minha é fácil. Mas depois penso... que uma coisa não invalida outra e, portanto, posso queixar-me de vez em quando. Sofro, normalmente, por antecipação. Sempre fui um pouco assim, mas agora (há 4 anos) que sou mãe... a coisa agravou-se. A ansiedade veio, devagar, apoderou-se de mansinho. Mudou-se para cá. E, se há uns tempos atrás pensasse no sofrimento que teria de passar, diria de imediato que não teria coragem nem força suficientes para me aguentar sozinha, na minha dor e no meu sofrimento de não conseguir alterar as coisas que me revoltam, me magoam ou deprimem.
Na verdade, quando ultrapassados os momentos mais sofridos, volta a luz, azul clara. Mas a mossa fica lá. E uma coisa pisa a outra e a outra e a outra... e a outra. E trabalhar torna-se um fardo. E dormir torna-se uma necessidade primária, mais primária do que nunca. E comer não é indispensável e torna-se uma obrigação. E mexer o corpo é penoso e só a café. E os barulhos são estridentes e insuportáveis. E falar é inútil e aborrecido. E vomita-se de fome. E enjoa-se de comer. E parece que se levou com um pau na cabeça e tudo ecoa. E nada tem importância nem significado... a não ser o meu maior amor! E ter ajuda médica é, talvez, a solução mais rápida e de extrema necessidade... porque com essa ajuda, que é paga, está-se à vontade e diz-se tudo, mesmo que as frases não tenham lógica e o médico esteja só a fingir que está atento e no final nos receite um saco de antidepressivos e sedativos, que se tomam à espera de um milagre imediato, que tarda e não chega. Que se alteram sem conselho, porque se acorda de manhã com uma ressaca pior do que uma garrafa inteira de Monte Velho e se anda o dia inteiro a rezar para que o efeito passe no minuto seguinte. E não passa. E então não se toma. E não se dorme novamente. Ou se toma e se fica novamente com "sono de grávida" e ressaca de noite bem passada e dia não. E se fica a pensar que, se se fica assim por tais motivos, como seria se fosse pior?... E se deseja 15 minutos de silêncio total. Que não há. Que não vai ter. Porque os carros passam e a luz faz barulho. Que os cortes do orçamento fazem barulho. Que as viagens de volta à terra são caras e fazem barulho. E que passar o Natal longe é uma hipótese que faz imenso ruído. Que trabalhar com turmas problemáticas e crianças com problemas é um ruído imenso. Que nunca se vai mudar o mundo é uma bomba nesta cabeça!
E se quer mudar isto já. Já. Já. E que não se aceita o facto de ter caído desta maneira. Desta maneira. DESTA MANEIRA.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Fimose

Volto cansada das últimas duas semanas e não pelos melhores motivos, mas como, para nós, tiveram uma dimensão tão grande, rosolvo partilha. Mas antes disso...

Se começasse a contar tudo o que aconteceu desde o ultimo post, não acabaria tão cedo este texto. É óbvio que a evolução do Gui em várias áreas do seu desenvolvimento é enorme. Que ainda é um bebé noutras, mas que é uma criança perfeitamente normal e muito feliz, acima de tudo.

Ora, de um dia para o outro, o Gui foi chamado para uma cirurgia que aguardava há mais de ano e meio. Ficámos contentes por termos sido surpreendidos e com o desenrolar dos dias (sem ter muito tempo para pensar no que viria). Pois bem, no dia 27 fez todas as análises, dia 29 teve consulta com o médico anestesista e dia 30 cedinho foi o primeiro a entrar no bloco operatório. Acordou da anestesia geral passavam 5 minutos das 11h e imediatamente mostrou desconforto chorando de dores no local da operação. Após levar imediatamente uma dose (de não sei quê) a dor aliviou... esperou-se que aceitasse algum alimento. Aceitou. Esperou-se que fizesse xixi. Assim foi, mas nesse preciso momento tive uma pequena noção do que o esperaria nos dias que se seguiriam. Não me enganei. Cada vez que se aproximava a vontade de fazer o xixi era o pânico. A cor dele mudava. Por vezes o seu nervosismo trasnformava-se numa inquietude perfeitamente anormal nele, numa agitação e correrias dentro de casa. Mesmo insistindo ele rejeitava. Depois o cocó. Depois os xixi´s na cama, os banhos, a higiene com soro, cremes... e os xaropes de 4h em 4h. Contado assim até é lido com certa ligeireza, mas acreditem que não foi de todo o que eu intuí que fosse. Foi pior. Custou mais, muito mais do que calculámos.
Hoje já regressou à escola, onde ficou bem disposto e com todas as recomendações necessária aos seus cuidados. Eu também já regressei ao trabalho. Mas regresso e tento adaptar-me novamente...

Depois destas duas semanas em que basicamente me encerrei aqui, quieta... chorei, desesperei, dei pontapés, lembrei-me de partir uma pilha de pratos sem qualquer dó. Não parti nem um. talvez tivesse ajudado. A revolta faz-nos mal. E uma revolta por tão pouco faz pior. É a intensidade com que vivemos as situações que marcam a diferença. E eu intensifico demasiado. Foi só mais 2 semanas de dor, MESMO DOR.  Física do Gui e minha emocionalmente. Contúdo, mesmo não ser a situaçõ mais grave do mundo, sinto-me no direito de não conseguir ver o meu filho a sofrer, sinto-me no direito de não suportar o facto de não conseguir tirar-lhe as dores. De não conseguir responder correctamente a: "Porque que isto tinha de acontecê-m?"... "Mamãaaaaaaa, não quero que doa!!!!"... "Mãe, não quero olhá prá minha pilinha!"... Sofre coração.
Vai daí... o resultado é uma mãe cansada, depressiva e com recurso a medicamentos...

Estamos de volta ao blog do Gui

domingo, 26 de junho de 2011

Apontamentos de actualização, uns relevantes, outros nem por isso...

...A fotografia regista o momento da "queima das fitas", da "benção das capas" e e entrega dos trabalhos de todo o ano. Cerimónia que encerra as actividades lectivas na creche do Gui. Foi um momento que não vamos esquecer. Sou, sem dúvida, um vulcão em actividade que explode de vez em quando, principalmente nestes simples momentos que envolvem a representação do crescimento do meu filho. Enfim...

Desde esse dia, a creche criou um mapa de actividades livres que vão desde modelagem, a pintura, piscina, brincadeira livre, passeios aos jardins, etc... tudo, nestes dias, nos diz que, sim, o ano lectivo está a terminar e que já passaram 7 meses desde que estivémos pela última vez com a família.

Com a chegada do sol temos aproveitado para ir à praia no final dos dias e sabe tão bem.

.

O Gui mudou recentemente para a sua cama "grande"... já não era sem tempo, mas é difícil mudar os seus hábitos e as suas rotinas. O rapaz não consegue ver um tapete torto...

.

Com a mudança para a cama nova ficámos com mais espaço no quarto, que sofreu algumas alterações, e com uma cama para nos deitarmos com ele... delícia.

.

Delícia também foi o maior elogio que recebi de alguém, em toda a vida... enquanto me fazia carícias e conversávamos, baixinho, deitados na sua cama, no fim de um dia longo...

"Mãe, gosto da tua boca..."

"Sim, porquê" Perguntei, porque não tenho especial carinho por esta parte de mim, achei curioso.

"Porque está sempre a sorrir"

Forma dele dizer que gosta do meu sorriso e exteriorisação de que gosta de me ver e sentir feliz. Muitas vezes sinto que ele precisa de sentir que gosto dele, que estou feliz, que me sente bem. É inevitável por vezes deixar transparecer o cansaço, o esgotamento físico, mas sobretudo psiquico e ele nota bem, por isso pergunta com frequência: "Estás muito feliz mãe?", "Estás contente?", "Gostas muito de mim mãe?"...

.

Estou ansiosa para regressar à "terra" de sempre. Estou desejosa de o ver brincar livre com os primos, os cães, os gatos, a terra, a água... de o deixar acordar quando quiser e adormecer quando tiver vontade.

.

No outro dia disse-me uma coisa que regista, mais uma vez, a relação que tem com a natureza: "Mãe, quero fazer uma colecção." - Ai sim? O que queres coleccionar? "Pedras, folhas e... estrelas." Hum... que tipo de estrelas? "Estrelas do céu". Boa...

.

Nos últimos dias tenho semtimentos extremos a povoar o meu cérebro. Sou plenamente feliz, embora me falte algo... Por outro lado, sinto que estou a falhar em alguma coisa com o Gui e, tenho cá para mim, que não é por defeito, mas por excesso... excesso de mimo, excesso que querer protegê-lo deste mundo que não é perfeito, excesso de querer facilitar-lhe a vida em alguns aspectos e saber que o mundo não lhe fará o mesmo. Muitas vezes ele revela esses excessos em atitudes e comportamentos que desejaria diferentes e é em mim que tem de começar essa diferença. E ponto.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Final de ano lectivo

Sinónimo de falta de tempo para vir actualizar o nosso blog e visitar quem nos acompanha.

Tanto para contar...

O Gui teve a sua festa de Finalista na sua creche e... foi tão bonito, mas seria necessário muito tempo para descrever com "aquela" intensidade tudo o que aconteceu...

Por isso, vim só, aqui referir que:

"ESTE BLOG AINDA EXISTE E ESTÁ DE BOA SAÚDE..."

Até já!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

A minha irmã gémea...

Descobri que devo ter uma irmã gémea aqui na ilha. Há mais de um ano que me perguntam, pessoas diferentes, em espaços diferentes e em dias bem diferentes, se sou a "...."??? Digo que não e tento tirar mais informações acerca dela, agora começo a ficar curiosa, gostava de a ver, porque não é todos os dias que temos o privilégio de conhecer alguém muito semelhante, fisicamente, a nós. Ontem foi no mercado, na banca das frutas: "É a filha da Dona "......"?" -Não, não sou, mas porquê? - "Por nada, é que é mesmo igual à filha, pensei que fosse a filha dela, desculpe". Não há problema, é que começo a ficar curiosa porque já não é a primeira pessoa a dizer-me isso... que é a Sra?" E então, lá obtive uma resposta mais concreta... pode ser que um dia me cruze com ela e me veja ao espelho. ;-)

.

Da creche do Gui pediram-nos um poema para festa de despedida dos finalistas. Já está. E está tão giro.... :-). Estou curiosa acerca da festa, mas tenho o coração apertado, como muitos de vocês deduzem, com a despedida dos seus amiguinhos (alguns seguem para a mesma escola e mesma sala na próxima escola) e das suas cuidadoras: A.P., M., C., e S., que todos os dias fazem um bocadinho o meu papel e me têm ajudado a educar e a cuidar do Gui o melhor que podem...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Finalista...

...E é assim, felizmente o nosso menino é finalista, significa que está a crescer... infelizmente terá de mudar de escola, significa que temos nova adaptação em Setembro e que rezar muito para que tenhamos acertado na nossa escolha. E, como é hábito nesta creche, hoje o Gui e os seus amigos finalistas, vão tirar uma fotografia a rigor. Saiu de casa com gel no cabelo, embora duvido que dure, arranjadinho. Fico curiosa para ver o resultado.
.
A caminho da escola disse-lhe, mais uma vez, que daqui a algum tempo vai prá escola nova. Disse-me que não queria ir. Ontem, ao pai, disse que não ía comer mais para não crescer e não ir para a outra escola, pois dizemos-lhe sempre que tem de comer para crescer muito e poder ir para a escola dos meninos mais crescido.
.
Ontem, também, disse-lhe que faltam poucos dias para voltarmos pra casa dos avós e dos primos... e para meus espanto ele respondeu: "Não mãe, eu não quero ir. Gosto muito da minha casa. Quero ficar aqui." - Respondi: "Oh, filho, mas tu gostas tanto de estar lá..." ao que ele retribuiu: "Pronto, mas vamos só um dia, porque eu gosto muito desta minha casa." E... se por um lado ouvir isto tem um sabor amargo, cada vez mais me consciencializo que é aqui a minha terra agora e, mais do que minha, é a terra dele... é aqui a sua casa, é aqui que estão os seus amigos, a sua escola, a sua praia... Será que o destino nos reservou muitos anos por cá? Devemos investir nesta nossa estadia por cá, ou devemos, ao invés, sonhar com o regresso????

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bronco-vaxom e Viternum



Bronco-vaxom - Resulta. Desde que iniciou a vacina (Fevereiro) oral nunca mais ficou doente.


Viternum - Resulta. Alguns dias depois de ter iniciado a toma que anda com um apetite voraz.

.


Novos interesses: réguas e medições. Dinheiro e o seu valor. Mistura de cor e o seu resultado.


.


Em Julho vou com a minha direcção de turma, 4 dias, para Santa Maria, em visita de estudo. Tinha duas opções: ou deixava o Gui com o pai e morreria entretanto de saudades ou levaria o Gui comigo. Vou levar o Gui comigo, levo o papá também e vão ser dias fantásticos, tenho cá para mim... O parque de campismo em cima da praia será o nosso destino... vai ser um desafio duplo, mas será, concerteza, muito gratificante. Os meus meninos adoram o Gui... as bicicletas provavelmente irão connosco... e aguardamos pelo REI SOL.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

...da ama MONSTRO...

...O MEU CORAÇÃO DISPARA AO LEMBRAR AS IMAGENS QUE VI... ontem no noticiário. De uma crueldade atroz, aquele ser, mais semelhante a um assassino escondido e disfarçado, recebia, diariamente, em sua casa aquelas crianças frágeis e indefesas, deixadas pelos pais que, convencidos, partiam descansados à sua vida. Chegavam ao PESADELO. Contudo, não posso deixar de dar a minha opinião que, poderá não ser partilhada por todos... Quando vou buscar o Gui, em horas diferentes, sem contarem com a minha presença, sempre o encontro sorridente, a brincar, feliz, a correr para mim de braços abertos. NUNCA o encontrei apático, a chorar (salvo nos dias da adaptação) ou infeliz. Aborrecido, por vezes, mas quem não tem dias assim? As crianças correm pelo espaço, há brinquedos espalhados, há espaços de estímulos, cantos da leitura, da exploração de materiais, de tudo e mais alguma coisa. Será que os pais daquelas 14 crianças (PELO MENOS UM...), bebés, nunca se aperceberam da apatia geral e do sossego que não é suposto existir num espaço onde se concentram 14 crianças? E as marcas? Não existiam? E a revolta das crianças, será que de alguma forma não manifestavam, com sinais próprios, a sua insegurança, o seu medo, os seus traumas? BEM, NÃO ME COMPETE AVALIAR A FORMA COMO CADA PAI RECEBE OS SINAIS DOS SEUS FILHOS OU A FORMA COMO ESTÁ ATENTO OU NÃO PARA O QUE SE PASSA EM REDOR DOS SEUS FILHOS. Eu, enquanto mãe, passo os meus dias a olhá-lo, a avaliar o seu comportamento, a tentar denotar algo mais para além do que me diz... mas fico-me por aqui neste ponto.


.


Outro ponto que agora me faz reflectir é o que sentirão agora, ao ver as imagens, e depois de terem defendido veemente aquele monstro a quem apelidaram de "como uma avó" e "a melhor pessoa que conheço" e "melhor do que ela não há". Como se sentirão os pais ao ver naquela posição os seus filhos? Como se sentiram os pais da criança cuja roupa do vídeo é perfeitamente perceptível? A dor interna de terem deixado ali os seus filhos tantos e tantos dias? Como se sentirão? Que vontade terão de confrontar visualmente aquele monstro? E que vontade terão de ir trabalhar? Que coragem arranjarão para deixar novamente os seus filhos noutro espaço. É um trauma para pais e PRINCIPALMENTE para os bebés...


.


Se eu fosse uma mãe de uma daquelas crianças teria provavelmente um longo processo de recuperação pela frente. Entraria num estado depressivo e de auto-culpabilização, jamais os dias voltariam a ser os mesmos. O chão desmonoraria e a insegurança seria permanente, a culpa, os medos, e depois a super protecção para compensar as tormentas da minha criança, que, sem voz, passou por um pesadelo incalculável.


.


As crianças, aquelas crianças, sentir-se-ão algum dia seguras, sem traumas? Ou irão esquecer e armazenar numa parte bem recôndita do seu ser estes dias e momentos angustiantes? Poderão alguma vez descrever por palavras aquilo que viveram para além daquilo que as janelas permitiram ver? Não quero imaginar muito mais do que vi... de cada vez que tento o meu estômago revolta-se, solta-se o choro e tenho vontade de vomitar. LITERALMENTE.


.


Passei parte da noite sem dormir. O meu filho hoje foi para a creche. Tenho vontade de ficar um ano de licença sem vencimento e amá-lo todos os dias 24 horas por dia. Situações assim, espero que menos comuns do que possamos imaginar, dão razão aos meus mais profundos receios. Os filhos devem estar com os pais. As mães deverião ter direito a ficar com os seus filhos até, pelo menos, 3/4 anos... altura em que verbalizar já não constitui problema. DEVIA SER ASSIM. devia ser assssssim. DEVIA SER ASSIM....................... DEVIAAAAAAAAAAAAAAAAA

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Viternum... e a saga da alimentação.

Até aos 18 meses nunca tive problemas com a alimentação do Gui. Era boa boca. Aos 18 meses fomos visitados pela primeira estomatite aftosa que superou largamente o que esperávamos em termos de sofrimento, dor e ângustia. Desde então, talvez pela pressão e persistência para que comesse (sem calcular a dor que tinha...), o Gui mudou completamente. Tem dias em que é mais fácil fazer com que coma, mas outros é o verdadeiro drama... ontem e alguns dias antes, na escola, foi o caos... demorou duas horas e meia para almoçar. Não dormiu... não comeu. Ora, 2h/30m... é tempo demasiado para insistir com uma criança que coma, para além de a comida já estar mais do que fria e com aspecto deplorável... por isso tomei imediatamente duas decisões. 1ª - pedi às suas cuidadoras que a partir de agora não devem insistir com o 2º prato (o drama), se quiser óptimo, se não quiser não é para insistir. 2º - Decidi ali mesmo que iria à pediatra pedir um estimulante do apetite (é lógico que estou preocupada...) para tentar que tenha fome ou, pelo menos, vontade de comer autonomamente, já que requer 99% das vezes ajuda para comer. Ai.



Daí... não fui à pediatra, fui directa à primeira farmácia e pedi o melhor e mais eficaz. Terei de dar 5ml 3 vezes por dia. Comecei de imediato. 5 ml ao lache às 16h e 5ml ao jantar às 19h.

.

Ironia das ironias, coincidência ao não, o Gui jantou a sopa, um prato de massa com bolonhesa e ainda comeu o risoto de cogumelos e espinafres (confesso que estou perita e estava delicioso.....) que tinha colocado no meu prato. Filho da mãe, deixa-me angustiada e depois faz-me destas. Uma coisa que notei ontem no Gui foi uma terrível necessidade de atenção. Agora faço um resumo do seu dia e ponho-me no lugar dele... eu estaria pior: acordou às 6h da manhã e já não voltou a dormir. Foi prá escola e prá visita de estudo aos bombeiros... voltou e desde as 12h às 14h e 30m teve alguém a insistir com ele para que comesse... não fez a sesta... os amigos acordaram e Às 15h voltou pró refeitório... de onde saiu às 15h e 40m porque o salvei de nova insistência para comer... Fomos à framácia e depois de brincar com ele 45m no quarto dele com legos a montar torres e depois com carros a fazer corridas, pediu para ver um filme. Depois disso ficou irrequieto, até jantou extraordinariamente bem e estava estoirado e o dia acabou com a monumental birra... a segunda pior de sempre. Mas, não faria, eu, birra, se o meu dia tivesse sido igual...???? Meu querido filho. Hoje estive a 1 minuto de faltar ao trabalho para ficar com ele... mas já faltam poucas horas para um fim de semana prolongado... depois compenso... ufa!



quinta-feira, 26 de maio de 2011

A arfar e a tossir :-)

O Gui foi agora aos bombeiros de Ponta Delgada em visita de estudo. Foi vestido a rigor... todo de vermelho. Estava ansioso para ver a água sair das mangueiras... "Mas não há fogo..." Veremos como correu...

Ontem encontrei forças nos meus amores (e um bocadito na minha auto-estima que anda perto do flácido) e voltei à carga na minha bicicleta. O pai e o Gui lá foram... e eu a reboque a arfar enquanto os olhos tentavam saltar das órbitas. A descer... todos os anjos ajudam e foi fantástico até mesmo quando caí no cruzamento porque o casaco ficou preso no assento e os pés não chegaram ao chão para parar adequadamente. Ri, nem vergonha senti. Senti-me desportista. Eheh... no jardim foi maravilhoso... andámos em plano horizontal... a subir a rua foi um Deus me valha:"Maaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarco pááááááraaaaaaaa.... espeeeeeeeeeeeeeeeeeremmmmmmmm por mimmmmmmm..." ihih... o máximo. Só filmado. Contudo... é para repetir. Haja sol. Porque aqui deixo registado, hoje, dia 26 de Maio, que há semanas que parece Novembro. Dassssssssssssssss
E nestes dias acredito que viver nesta ilha é um privilégio...

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Ninguém acreditaria se...



...eu garantisse que a Sininho vive em nossa casa. Aliás, que está a dormir, num recipiente, na nossa banheira, que o Gui lhe dá banho todos os dias, que a salva de ser esmagada por uma tampa de condicionador para o cabelo com uma máquina em forma de alavanca (o seu braço) e que esta máquina é activada pelo botão (a sua mama direita)... sim porque o outro botão (a mama esquerda) está desligado e quando é activado serve para ligar a água quente... "Oh Sininho, eu salvo-te"... "Mãe, não mexas, ela quer estar sozinha... dorme.".

...além disso também lá vive a Ana. A Ana está na banheira e conversa com o Gui (eu), e por incrível que pareça, responde-lhe mais concretamente do que quando sou eu (sua mãeeeeeeee) a perguntar coisas. A Ana é a cabeça de um lego da Chicco. É uma cabeça redonda, amarela, com dois olhos e dois laços na cabeça. Ela viaja de barco nas tampas dos condicionadores, mergulha até ao fundo da banheira e quando vem à superfície respira intensamente por causa da falta de ar... e, depois, também por lá, existe a carrinha das frutas e a carrinha dos gelados. A carrinha dos gelados só tem gelados de morango e a carrinha das frutas só tem maças e não é todos os dias. O Avião que lá existe, naquele mundo imenso, tem a brutal capacidade de ir ao fundo do mar salvar a Ana de um terrível e assustador momento debaixo de água. A corrente que prende a tampa da banheira é uma corda que salva os mais indefesos... nesses eu estou incluída. Tenho de me agarrar e confiar que é uma corda muito forte e me salvará de um perigo enorme... escorregar pela banheira.

A mão esquerda do Gui é, agora, a do capitão gancho (caquicãgancho) e eu sou, com alguma frequência o Peter Pan (tetetan), ambos saltamos com grandes e perigosas acrobacias (levantamos uma perna enquanto andamos de gatas, saltamos até ao tecto, corremos velozmente pelo corredor e escondemos-nos sem ninguém saber atrás dos cortinados).

.

É bom ter 3 anos e meio e viver no mundo dos sonhos... e acreditar mesmo nele.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Dia 1 de Junho

...a escola do Gui preparou um conjunto de actividades destinadas a acolher pais e crianças no mesmo espaço. Atelier de fantoches, atelier de moldagem/modelagem, atelier de pintura, atelier da música...e o cantinho dos bebés. Isto tudo para de manhã. De tarde, a partir da 15h haverá um lanche no jardim, à sombra das árvores e jogos tradicionais. E se todos os dias fossem assim, não seria tão melhor! Assim, sim, é dia da criança... mais ainda.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Recortes e colagens...





...depois de algum tempo sem escrever tento encontrar novidades, mas reparo que não tenho muitas. O Gui está francamente grande. Noto-o grande, fisicamente. As mãos, os pés... o corpo mais robusto. Tem feito evoluções das quais estamos extremamente felizes. Tem ultrapassado a sua dificuldade em comer sem ajuda, principalmente na escola. E, a poucas semanas de regressar a casa (a da família), estamos mais serenos. "Já falta pouco" é o pensamento que nos ajuda a passar os dias. Temos aproveitado para explorar as artes plásticas ;-) e passamos algum tempo entre recortes e colagens em tela. As colagens ficam inteiramente da responsabilidade do Gui. Os recortes eu e o papá damos também uma ajuda... é giro. O papá já não tem treinos e já está presente muito tempo. Continua a adorar pintar também e mexer em pastas e plasticinas... carros, pistas desenhadas no chão com fita cola, e a casa revirada por causa de outros afazeres... Mantemos as nossas visitas permanentes à biblioteca, onde cada vez mais somos priviligiados, em vários sentidos. Mesmo que tenhamos multas por atraso... são imediatamente retiradas. Se queremos mais livros do que os que podemos requisitar... abre-se uma excepção... recebe sorrisos enormes da todos os que lá trabalham enquanto passa e vai dizendo: "Bombia" (Bom dia"...

Continuo a achar que é maravilhoso ser a mãe do Gui.