terça-feira, 18 de outubro de 2011

Bem me quer, bem me quer

Penso sempre que não tenho razão de queixa da minha vida. Que há vidas difíceis. Que a minha é fácil. Mas depois penso... que uma coisa não invalida outra e, portanto, posso queixar-me de vez em quando. Sofro, normalmente, por antecipação. Sempre fui um pouco assim, mas agora (há 4 anos) que sou mãe... a coisa agravou-se. A ansiedade veio, devagar, apoderou-se de mansinho. Mudou-se para cá. E, se há uns tempos atrás pensasse no sofrimento que teria de passar, diria de imediato que não teria coragem nem força suficientes para me aguentar sozinha, na minha dor e no meu sofrimento de não conseguir alterar as coisas que me revoltam, me magoam ou deprimem.
Na verdade, quando ultrapassados os momentos mais sofridos, volta a luz, azul clara. Mas a mossa fica lá. E uma coisa pisa a outra e a outra e a outra... e a outra. E trabalhar torna-se um fardo. E dormir torna-se uma necessidade primária, mais primária do que nunca. E comer não é indispensável e torna-se uma obrigação. E mexer o corpo é penoso e só a café. E os barulhos são estridentes e insuportáveis. E falar é inútil e aborrecido. E vomita-se de fome. E enjoa-se de comer. E parece que se levou com um pau na cabeça e tudo ecoa. E nada tem importância nem significado... a não ser o meu maior amor! E ter ajuda médica é, talvez, a solução mais rápida e de extrema necessidade... porque com essa ajuda, que é paga, está-se à vontade e diz-se tudo, mesmo que as frases não tenham lógica e o médico esteja só a fingir que está atento e no final nos receite um saco de antidepressivos e sedativos, que se tomam à espera de um milagre imediato, que tarda e não chega. Que se alteram sem conselho, porque se acorda de manhã com uma ressaca pior do que uma garrafa inteira de Monte Velho e se anda o dia inteiro a rezar para que o efeito passe no minuto seguinte. E não passa. E então não se toma. E não se dorme novamente. Ou se toma e se fica novamente com "sono de grávida" e ressaca de noite bem passada e dia não. E se fica a pensar que, se se fica assim por tais motivos, como seria se fosse pior?... E se deseja 15 minutos de silêncio total. Que não há. Que não vai ter. Porque os carros passam e a luz faz barulho. Que os cortes do orçamento fazem barulho. Que as viagens de volta à terra são caras e fazem barulho. E que passar o Natal longe é uma hipótese que faz imenso ruído. Que trabalhar com turmas problemáticas e crianças com problemas é um ruído imenso. Que nunca se vai mudar o mundo é uma bomba nesta cabeça!
E se quer mudar isto já. Já. Já. E que não se aceita o facto de ter caído desta maneira. Desta maneira. DESTA MANEIRA.

2 comentários:

  1. Olá minha querida, como estás???

    Beijinhos grandes

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  2. Como estão????? Como está o gui??
    Bjos e Bom Ano!
    (Finalmente, reencontrei-vos! )

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